Vênus e Júpiter - Pedras Filocálicas são os diamantes do céu que refletem a luz do Sol para a Terra
- Jose Maria Gomes Neto

- 20 de abr. de 2022
- 7 min de leitura
Vênus e Júpiter, A Grande e Pequena Fortuna
Antigos escribas da Mesopotâmia deixaram gravada em caracteres cuneiformes, em tabuleta de Argila, encontrada entre outras milhares em escavações no final do século XIX, em Nínive e Babilônia, a seguinte inscrição:
“Quando Vênus e Júpiter se encontram, as orações da Terra alcançam o coração dos deuses”. (Thompson, R.C. The Reports of the Magician and Astrologer of Niniveh and Babylon in the British Museum. 2 vol., London, 1900)

É quase natural estabelecer uma relação, visual que seja, entre os celulares de hoje e aquelas tabuletas de argila de mais de 3000 anos, onde os antigos escribas, sacerdotes caldeus, registravam a posição de astros e fenômenos celestes, com os seus correspondentes presságios e demais considerações.
Da mesma forma pode-se supor a existência de alguma forma de alta tecnologia, por nós desconhecida, que os mantinha ligados às informações inscritas na abóboda celeste, ao “Logo dos Astros”, para serem traduzidas por aqueles escribas, a ponto de estabelecerem conexões específicas entre acontecimentos astronômicos e os fatos, coisas do mundo da vida. Provavelmente, o modelo de mundo dos povos daquela época, povoado por deuses e imagens míticas, não separava a existência humana, individual e coletiva, da natureza. Nesse modelo, o ser humano é percebido como parte integrante da natureza, assim como os planetas também participam das qualidades de cada momento.
Há muito perdemos a percepção dessa conexão, e preciso foi desenvolver outras tecnologias, conforme ao pensamento científico e moderno, que nos reaproximassem da compreensão do funcionamento do universo, principalmente em seu aspecto físico. Mas daí surge também o grande paradoxo desse modelo de pensamento que anula em grande parte a metafísica e a mística [no sentido de Unidade]: quanto mais se sabe acerca das coisas do mundo, maior é o abismo entre o humano e o cosmos, entre o ser humano e a natureza, entre o ser humano e outros seres humanos, e principalmente entre o ser humano e ele mesmo.
Imagino se um antigo caldeu se deparasse com um celular moderno desligado, mesmo tentando abri-lo e ver seus componentes, jamais seria capaz de supor, com o alcance da mente de sua época, toda a tecnologia e o seu funcionamento, e muito menos a existência dessa fantástica rede na qual hoje todos estamos conectados. Do mesmo modo, também imagino, que o cientista de hoje, ao encontrar tais tabuletas de argila, com as inscrições em caracteres cuneiformes, do que estava escrito nos céus em caracteres luminosos, apesar de já terem todos caracteres cientificamente traduzidos, é como se deparar com um celular desligado para os caldeus. Não revela a tecnologia existente, nem o modo como a conexão se faz, nem a razão maior de deixar tais registros inscritos em tabuletas de argila.
O que e como essa fabulosa tecnologia, com muito menos recursos era capaz de revelar para eles, no sentido de condução da vida social, coletiva e de decisões por parte dos governantes, não é possível mais saber. Isso porque podemos chegar a muitas conclusões com muita precisão do que ocorreu no passado, mas não conseguimos ir até lá. Ao contrário do futuro, que para muitos é uma grande incógnita, mas é para lá que todos vamos. Daí a importância das efemérides planetárias, elas chegam ao futuro antes de nós, como mediadores simbólicos das infinitas possibilidades de cenários que podem ser previstos e pensados.
É notório que em algum lugar do futuro irão olhar para essas maravilhosas máquinas celulares modernas de conexão como peça de museu, obsoletas, ultrapassadas. Do mesmo modo que olhamos dos aviões para as caravelas. Porém, o que mais me instiga diante da astrologia, é perceber por estes mediadores simbólicos, as possibilidades futuras que já estão aqui presentes, em forma de sementes a serem cultivadas, e é claro, devido ao legado que nos foi deixado, por esses antigos sacerdotes que registraram em tabuletas de argila a possibilidade de leitura do céu, apesar de não nos terem ensinado a tecnologia adequada. Para mim, faz parte do processo evolutivo da humanidade essas descobertas, e as mais novas que ainda estão por vir.
Algumas considerações acerca do ciclo de Júpiter e Vênus
"A estrela conhecida como Júpiter inclui uma certa medida de fogo (e calor), no que lembra a Estrela Matutina (Vênus) e,
portanto, parecendo estar aliado a esta." (Plotino 200 d.C.)

Todos os anos, Vênus se encontra com Júpiter em alguma região do céu. Estas conjunções eram consideradas muito importantes pelos antigos sacerdotes e astrólogos da Assíria e da Babilônia, pelo que consta gravado, há mais de 3.000 anos, em caracteres cuneiformes em tabuletas de argila achadas naquela região, entre os rios Tigre e Eufrates, isso já no final do século XIX - início do século XX. Tais conjunções deram origem a presságios altamente auspiciosos, sinalizando um tempo propício para que orações, preces, súplicas da Terra chegassem, por uma espécie de condução destes planetas, ao coração dos deuses em que acreditavam.
Hoje estas tabuinhas de argila, estão espalhadas por vários museus do mundo e guardam o segredo do mistério da tecnologia que era usada para chegarem a tais presságios e conclusões. Mas uma coisa é certa, não havia a percepção de uma separação entre o ser humano e a natureza, entre a natureza e o Cosmos das esferas celestes, e muito menos entre as esferas celestes e os acontecimentos na Terra. Talvez fosse um tempo em que os sentidos se estendiam até as estrelas. (Ver Cosmos y Psique, de Richard Tarnas.)
No livro de Michael Baigent, From the omens of Babylon: Astrology and Ancient Mesopotamia, em diversas passagens há registro de descrições de localizações dos planetas e os presságios correlatos e, em várias partes, o autor descreve as qualidades benéficas, que os antigos astrólogos da Mesopotâmia associavam ao planeta Júpiter — estrela do deus Marduk, o Senhor e protetor da Babilônia — como “conduto, ou canal de condução, aos deuses” das mais elevadas intenções, daí seu atributo de Grande Fortuna.
Júpiter e Vênus - são os diamantes do céu
Talvez porque as luzes moventes destes planetas no céu os destaquem em meio às estrelas fixas, como os verdadeiros brilhantes que tanto fascinam os seres humanos na Terra por entre pedras brutas que guardam o brilho das estrelas, quando lapidadas, tornando-os diamantes celestes, de muitos quilates.
São como matéria habitada pela luz, “Pedras Filocálicas”, onde a luz é sabedoria, simboliza a consciência, matriz de toda matéria: lucidez que liberta. A consciência pode ser despertada pela “Pedra Filosofal”, e Júpiter (o arqueiro de Sagitário) constitui a Visão Interior que contempla a Harmonia e Beleza das formas de Vênus (o planeta do Amor).
A pedra de Vênus é a mais bela. Não precisa fazer nenhum esforço para chamar a atenção. Materializa a forma essencial do espírito ou a quintessência, o Éter, o quinto elemento, em seus ciclos de conjunções com o Sol, formando um pentagrama no céu zodiacal com as doze faces do dodecaedro. A estrela de 5 pontas que Vênus descreve no céu, ao longo de seus ciclos de 8 anos com o Sol, são os caminhos quintessenciais do amor, harmonia e beleza, e revelam a existência de um sentido de Ordem, que se expressa no universo inteiro, habita todas as formas de vida que se movem em espiral e corresponde à palavra Cosmos que, deste modo, formado pelo Logos Celeste, propõe a saída do caos. Eis a extensão do Astro-Logos, da Astrologia.
Júpiter, com seu corpo gasoso é um amplificador, reflete duas vezes e meia mais luz, energia e calor aos satélites que orbitam a sua volta e assim se faz depositário e transmissor da luz que lhe chega do Sol. Corresponde por analogia à expansão da consciência, do que se passa, do que ocorre, do que toca. E a consciência tem o poder de transformar aquilo que toca, pois ilumina e empresta à realidade a visão interior, e o torna ainda maior do que era antes, maior do que o que lhe ocorre. Cada qual é muito mais do que a consciência que tem do que lhe ocorre: a luz da Sabedoria está em tudo, habita o Universo inteiro. E Júpiter, apesar de dimensões gigantescas, de ser tão grande, ainda maior que todos os demais planetas do sistema solar juntos, quando visto da Terra, é apenas um ponto, um ponto brilhante no espaço sideral a navegar por entre as constelações e estrelas. E pontos não têm extensão, são apenas formas de pensamentos, que estabelecem relações. Relações com outros pontos no espaço que se movem ao longo de uma trajetória, que descrevem planos. Os planetas (todos) descrevem pequenos planos ao longo da órbita que fazem em torno do Sol. E todos se relacionam entre si, por ângulos que podem ser percebidos, no tempo, como fases dos ciclos.
Da Junção destes dois princípios: da Visão e Sabedoria de Júpiter que contempla o amor, a harmonia e beleza de Vênus, nasce uma nova consciência, ampliada, a mente grande, e isso é bom, faz bem. Contemplo o Belo em todas as coisas. A contemplação do Belo faz bem, traz prazer não só para os sentidos, mas também bem-estar, paz e harmonia interior. As visões e imagens que constituem o mundo interior ficam mais nítidas, iluminam a realidade e contemplam no mundo exterior o mundo que cada um leva dentro de si. Um novo mundo pode ser construído, fundamentado nos princípios de Amor (Vênus) e Sabedoria (Júpiter).
A conjunção de Júpiter e Vênus, desde os mais antigos registros das tabuletas de argila, traz “considerações” de posições planetárias e se apresenta como o TEMPO OPORTUNO, “Kairós”, eterno sempre presente, no aqui e agora, para manifestação dos princípios de Amor e Sabedoria, Harmonia e Beleza em nossa vida. Assim, Júpiter e Vênus são como diamantes de muitos quilates, Cristais que guardam a luz da sabedoria no silêncio das pedras que, por Amor, ganham alma no movimento dos planetas. A Luz se origina nas estrelas cintilantes e estes planetas mais brilhantes do céu resplandecem, silentes, a luz do Sol.


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