A Grande Mutação
- por José Maria Gomes Neto
- 8 de abr. de 2020
- 4 min de leitura
A Grande Mutação - da Era do Ter para a Era do Ser
“A Grande Mutação” coloca em evidência as transformações pelas quais o mundo contemporâneo passa, abordadas do ponto vista dos ciclos planetários, que são assinalados pela tradição astrológica pelas séries das Grandes Conjunções entre os planetas Júpiter e Saturno, que ocorrem a cada vinte anos.

As profundas mudanças de valores, no modo comportamental e de pensamento do mundo ocidental contemporâneo, estão visíveis nas aceleradas transformações coletivas, sociais, geo-políticas, macro-econômicas, científicas, religiosas e espirituais, e encontram correspondências simbólicas com o ciclo das Grandes Conjunções entre estes “planetas sociais” , Júpiter e Saturno. As conjunções ocorrem a cada 20 anos, e ao longo de 10 encontros, têm lugar, durante 200 anos, no trígono dos signos do mesmo elemento. Desde modo, encerra um período que contempla relações diretas entre fatos históricos e as dinâmicas e qualidades associadas a estes elementos. Como são quatro os elementos primordiais (FOGO, TERRA, AR e ÁGUA) que fundamentam a prática do pensamento astrológico, a conjunção Júpiter e Saturno recorre à posição idêntica a cada 800 anos (4x200), aproximadamente: daí a Grande Mutação, a transição entre os elementos.
As conjunções mais importantes, historicamente registradas, são aquelas que ocorrem na transição entre os trígonos dos elementos, segundo ALBUMASAR (Astrólogo Árabe, 885V, que foi quem cunhou o nome de “Grande Conjunção” aos encontros de Júpiter e Saturno) em sua obra => De magnis coniunctionibus.
A próxima conjunção que ocorrerá horas depois do Solstício de Capricórnio, no dia 21 de dezembro de 2020, é a primeira, definitivamente, da nova série de dez conjunções que ocorrerão em signos do elemento Ar (Libra, Gêmeos e Aquário), após os dez últimos encontros pelos trígonos do elemento Terra, desde 1802/1842. A última vez que Júpiter e Saturno se encontraram pela primeira vez no signo de Aquário, depois de 200 anos em signos de Terra, foi no ano de 1226.
A próxima conjunção exata entre Júpiter e Saturno acontecerá no grau zero (ponto de partida) do signo de Aquário, junto ao solstício de Capricórnio em 2020. Este é um importante sinalizador (mapa) para o final de um Aion (força vital do tempo), e o início de um novo tempo, ciclos dentro de outros ciclos maiores, pois ao finalizar o ciclo de oitocentos anos, desde a última vez em que a série de dez conjunções ocorreu em signos de Ar, coloca em evidência o único signo entre os doze do Zodíaco, que é representado por um Homem, Aquário, no sentido de sua universalidade e singularidade. Este encontro ocorre exatamente na época do ano em que o Sol chega ao Trópico e signo de Capricórnio, o ponto culminante da ronda zodiacal. O início do fim: a última estação do ano.
Uma das questões fundamentais do ponto de vista humanístico e simbólico que pode ser tratada é “que homem é este que estamos nos tornando?” E que homem é este que queremos ser?” Que Humanidade é esta a qual pertencemos? Ao longo deste período dos últimos 800 anos se instalaram, desde a idade média, e o desmoronamento do sistema feudal, as principais linhas de pensamentos, que ora tendem a entrar em colapso. Esta primeira conjunção que ocorrerá no final de 2020 sinaliza fim de um período menor de duzentos anos, ao longo do qual a série das conjunções entre Júpiter e Saturno veio ocorrendo na triplicidade dos signos de Terra: Touro, Capricórnio e Virgem, nesta sequência. Os últimos 200 anos foi um período marcado pela instalação e hegemonia do pensamento moderno, do positivismo e cientificismo da era industrial, égide do materialismo, pela acumulação de riquezas, pela exploração dos recursos da natureza pelo homem e do próprio homem pelo homem. Este modo de ver e de viver chega ao seu auge durante estes últimos 20 anos, de 2000 a 2020, época que se pode chamar de culminância da Era do Ter, devido à predominância dos valores pragmáticos materialistas, no modo racional de pensar e de conduzir a vida.

A conjunção de 2020 finaliza o ciclo dos últimos 20 anos que começou no dia 28 de maio de 2000, no signo de Touro (símbolo da acumulação material). Veja a estátua do Touro de Bronze em Wall Street, na porta da bolsa de valores de New York. A marca Taurus está cunhada na indústria armamentista capitalista da violência e do medo, da proliferação do mercado das armas, como também na proliferação das indústrias frigoríficas das carnes bovinas, que justifica o desmatamento das florestas em favor do pasto (ali onde pasta um boi viveriam 60 famílias se alimentando diretamente de alimentos vegetais). O símbolo da Era do Ter se expressa inclusive na palavra Capital, que deriva de Caput (chifres), os cornos na cabeça do Touro, que dão origem ao nome do sistema capitalista, que por sua face e características predatórias, ora se encontra em sua fase terminal, que denomino de “a raspa do tacho da Era do Ter”, e que aponta para a desintegração deste já “velho” modelo des-humano, de pensamento de exploração e apropriação da mais valia do outro, mas que ainda tenta manter-se dominante. Aos poucos este tempo, como o inverno cede à força da primavera, irá ceder espaço para o novo tempo que começa a surgir. A Grande Mutação que se faz da Era do Ter para a Era do Ser.
Sempre antes de encerrar um ciclo de 10 conjunções seguidas no mesmo elemento, ocorre uma primeira do elemento seguinte, como se fosse um período preparatório para o novo Aion. A primeira conjunção de Júpiter e Saturno em Ar ocorrida no signo de Libra, em 1980, é como primeira do ciclo de Terra que ocorreu em 1802, uma espécie de período de incubação, preparatório, um “espaço-entre” um período que finaliza e outro que ainda não começou. Um tempo de 20 anos, antes da última conjunção em signos do daquele elemento. Em 1980, a conjunção em Ar preparava o mundo para o fim do ciclo da Terra. Estamos entrando na reta final desse período de 20/200/800 anos.
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