Saturno fica retrógrado

Agora é a vez de Saturno!
Primeiro foi Júpiter, em Libra; depois Vênus, em Áries, e agora é a vez de Saturno, em Sagitário, ficar retrógrado, e bem no Coração da Via Láctea, centro em torno do qual giram todos os Sóis de nossa Galáxia em Espiral. Isto remete à oportunidade de dar um salto de percepção acerca de nossa relação com as dimensões ocultas do Universo, e afirmar, categoricamente, que quanto mais sabemos sobre o teor da massa e energia escuras existentes, lá onde a luz não penetra, mais sabemos que nada sabemos. Mas uma coisa é certa, reflete também a oportunidade de rever, mais do que as relações interpessoais, as relações interdimensionais das quais participamos, e reavaliar os pontos de vistas e critérios acerca sobre o que é certo e verdadeiro, antes de afirmar como valores insofismáveis, crenças que quando colocadas nos pratos da balança, não encontrariam respostas às aporias de nosso tempo. Júpiter chega, hoje => abril 17, ao seu esplendor brilhante, de máxima aproximação da Terra, iluminando estas dimensões apresentadas por Saturno, no Centro da Galáxia, e amplificando outras questões que se encontram muito além do que as lentes de aumento dos telescópios são capazes de nos fazer ver através dos grandes paradoxos que se apresentam neste Tempo: quanto mais se sabe das verdadeiras dimensões físicas do Universo, maior é o abismo que se abre entre o homem e ele mesmo, entre o homem e outros homens, entre o homem e a natureza, entre o homem e o Cosmos. Isto é assim porque estas poderosas lentes, ao invés de unir, de integrar estas diferentes dimensões, apenas ampliam as distâncias que separam o homem em sua racionalidade, de sua própria natureza. E há pelo menos um motivo para isto: os planetas, e todos demais corpos celestes, aparecem neste paradigma, "lá fora", e tornaram-se nestas lentes objetivas da realidade, apenas objetos coisificados, categorizados, quantificados, dotados de massa, matéria, movimentos gerados por poderosos campos eletromagnéticos e gravitacionais sujeitos exclusivamente a ações de causas e efeitos físicos. O mundo não é feito de coisas, os planetas não são coisas, as pessoas não são coisas, como afirma David Bohm (Diálogos), "o mundo não é feito de coisas, mas sim de relações". Pertencemos a um mundo de relações e interconexões, repletas de significados, onde tudo está conectado, tudo faz parte do Todo e o Todo é mais do que a soma das partes.(Capra). Desde a primeira observação de Júpiter, por Galileu, se descobriu que existem muito mais satélites girando em torno de sua órbita do que na ocasião poderiam ser imagináveis. Inquestionável o salto epistemológico que a ciência deu com a constatação empírica das fórmulas matemáticas, iniciadas por Copérnico, que libertou a Terra no espaço a girar em torno do Sol, junto com outros planetas, de seu confinamento determinístico de ser o centro do Universo. Mas com isso projetou também no espaço, já destituído de céu, o tamanho de seu ego elevado à máxima potência de se tornar o homem racional e suas formulações matemáticas, o centro do Universo. Quanta pretensão! O centro do universo, de uma circunferência que não se encontra em lugar nenhum, como sugere Pascal em sua ideia do Absoluto, está em todos os lugares, e em cada um, do mesmo modo que os planetas não estão "lá fora", como aparentam às lentes telescópicas, pois da perspectiva do Universo, não existe dentro ou fora, acima ou abaixo, direita ou esquerda, atrás ou à frente, o Todo está em tudo, em cada partícula subatômica se encontra a informação do universo inteiro. Olhem para Júpiter com os olhos da alma!

A Terra em sua dança no movimento de translação começa a se colocar entre o Sol, a 17 de Áries e Saturno, no Centro da Galáxia, a 27 de Sagitário. Da perspectiva da Terra, o planeta Saturno, em relação às estrelas, parece parar, e desde este lugar, tão misterioso, onde se localiza um gigantesco buraco negro, em torno do qual parecem girar, e dançar, não apenas o Sol, mas todas as bilhões de estrelas da Via Láctea que, desde a antiguidade, alimenta nossas fantasias matemáticas e mitológicas acerca das origens do Universo. E isto é notório, o homem sábio, por meio das Ciências, se admira da sua própria insignificância, ao mesmo tempo que rompe os limites do seu confinamento cósmico, e do sentimento de atávica solidão disfarçada em uma não tão moderada vaidade ser filho único, primogênito, que habita o único planeta que tem vida em todo o Universo, e sente ameaça ao se deparar com a possibilidade da existência de vida fora da Terra, e então finge que não vê, faz de conta que o Universo é aquele que os olhos físicos e da matemática permitem ver. É hora de mudar esta lente, esta mentalidade infantil, ingênua, e se permitir habitar as dimensões ocultas da realidade com o espírito exploratório do Ser, e enxergar o que não vê, pelo simples fato de não querer ver!